Meio do caminho
Um dia
Tive sonhos de chegar no paraíso
Em fins, em soluções
E assim passei a achar
Que estava no inferno
.
Depois que caí
Nessa ilusão de obter fins
Desprezei meus caminhos
Pois cada queda era sinal de retrocesso
E o caminho nunca chegava ao fim
.
No entanto,
Sempre me encontro no mesmo ponto
E, ao invés de limbo
Percebo mudanças no pequeno
Água que bate em pedra
Sou rocha nessa vida
Que, dia a dia, vai me alterando
.
Sempre e nunca no mesmo ponto
Sempre fui branco e preto
Meio a meio
Ponto e contraponto
Certo e errado
Ambiguidade, ambivalência
Nunca uma, sempre duas ou três tentativas
O fim se refazendo no começo
.
É aí que a resposta vem
Como água fria no rosto
Para acordar do sonho:
Minha vida é no meio do caminho
Nunca tão certa
Nunca tão absoluta
Nunca tão sólida
Fins e inícios se encontram
No nascer e morrer
E talvez nem isso
E olhe lá